Carlos Drummond de Andrade
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
As sem razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque te amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Que pode uma criatura senão,
entre outras criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar.
Destruição
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
domingo, 11 de outubro de 2009
Narradores de Javé: Uma breve síntese e análise sob a luz do Letramento
NARRADORES DE JAVÉ, produzido no Brasil, por Bananeiras Filmes, em 2003; escrito e dirigido pela brasileira Eliane Caffé. Os críticos de cinema o descrevem como uma comédia dramática, baseada em fatos jornalísticos. Tendo como principais atores: José Dumont, atuando como Antônio Biá, o escrevedor das memoriais orais do povo. Nelson Xavier, como Zaqueu, um dos lideres da comunidade narrador da história de Javé anos após o “acontecido”. O filme conta com muitos outros personagens, destaco estes, pois a análise que farei estará centrada, basicamente nestes dois personagens: Antonio Biá e Zaqueu.
O filme inicia com Zaqueu, narrando a história da cidade de Javé , anos depois desta ser inundada pela represa. A história que Zaqueu conta aconteceu no sertão da Bahia, estando a comunidade de Javé ameaçada por uma inundação da hidrelétrica, construída na região. Para tentar impedir está tragédia, os moradores do povoado resolveram escrever sua história e tentar transformá-la em patrimônio histórico, a ser preservado. Essa história tinha que ser escrita através de um documento científico: um dossiê. Mas quem poderia escrevê-la? O único adulto da comunidade, alfabetizado e bom nas “escrituras” era Antônio Biá (José Dumont). Foi ele o escolhido para escrever este documento “científico”, embora a comunidade de Javé, não confiasse nele. O povo o chamava de “sacanajeiro, enganadô”. Porque as pessoas de Javé o chamavam assim? Zaqueu conta, que no passado ele, o Biá usou do poder da escrita para enganar as pessoas. Ele era funcionário do único Posto de correios da cidade. Por ser uma comunidade não-alfabetizada, o correio passou a ser um local, quase sem função social, as pessoas não utilizavam a tecnologia da escrita no seu cotidiano. Antônio Biá, percebe a ameaça de ficar sem seu emprego, pois o correio estava para ser fechado, pela ausência de uso da escrita. Então, ele cria a estratégia para não perdê-lo. Passa a escrever cartas para outras localidades, em nome das pessoas do Vale de Javé.. Fofocas eram o conteúdo das cartas, como bem relata Zaqueu:“Ele aumentava os fatos acontecido, com malícia e difamando. Mas tudo era feito com graça e sapiência do ofício de escrever”. Ao ser descoberta sua farsa, foi expulso do centro deste vilarejo. Mas a mesma comunidade que o expulsou, a tempos atrás, naquele momento, precisava de “seus serviços”. Zaqueu ,afirma que ele teria que escrever o documento cientifico de Javé, pois ele é tido com um bom escritor: “Se Antônio Biá escreve mentira, escreve muito bem!!! E para fazê um dossiê, tem que fazê uma juntada de escrita das coisas que aconteceram por aqui...Ouvindo a nossa gente contando pela boca, a história verdadeira, a científica.”. Depois dessas declarações, Antônio Biá foi obrigado a aceitar o cargo de escrevedor. O povo passa, a contar, narrar as memórias orais, na esperança de salvá-los da moderna tecnologia, a hidrelétrica, que fará o povoado desaparecer nas águas
TRATAMENTO PEDAGÓGICO DO FILME: NARRADORES DE JAVÉ.
O filme, Narradores de Javé serve de interlocução entre a cinematografia e a educação. Colocamos a escrita deste material sobre a mira dos contextos educacionais, analisando alguns conceitos sobre a temática letramento através do contexto do filme. Não nos ocuparemos em discutir as questões de ênfase cinematográficas sobre o mesmo, nosso interesse em NARRADORES DE JAVÉ é tratá-lo como elemento pedagógico para fazer uma abordagem no sentido de obter algumas contribuições da mídia/cinematográfica e tratá-los pedagogicamente. Este ensaio passa a ser uma das possibilidades de (re)conhecer os discursos existentes sobre o conceito de letramento no filme, trazendo paralelo aos mesmos alguns teóricos e os conceitos de letramento apresentados por eles, no intuito de solidificar através da abordagem no filme a definição de letramento e alfabetização.
O que segue, portanto, são comentários e exemplos através de recortes de algumas cenas que evidenciam ambientes letrados e alfabetizados através deste filme brasileiro, mesmo tendo a informação de que a Diretora, não tinha essa intencionalidade ao produzi-lo. A análise e as questões que serão tratadas nesta abordagem, centram nas seguintes etapas: apresentação do filme, considerações sobre a cultura oral, a cultura escrita e os letramentos Javélicos.
Importante ressaltar a riqueza e possibilidades de abordagens que o filme sucinta comunidade, ética, raça, religião, gênero, degradação ambiental, cultura, econômica, política, história, identidade, história oral, literatura regional, preconceito lingüístico, arte e cinema) nosso foco restringe-se no estudo sobre a temática alfabetização e letramento.
Cena 1
As paredes da casa de Antônio Biá era todas escritas, com ditos populares, parlendas, piadas, frases como esta: “aqui mora um intelectual alcoólatra”. Durante todo filme é na casa dele que aparece uma estante de livros.
Na porta da frente de sua casa tinha escrito uma frase: “Proibido entrada de analfabeto”.
Cena 2
Biá era o único adulto da cidade que usava cotidianamente uma bolsa atravessada no corpo, contendo na mesma um livro com folhas em branco, lápis, apontador.
Cena 3
Antônio Biá era o funcionário do posto de correio da cidade. E para manter seu emprego, enviava cartas em nome de outras pessoas. Provocando um “rebuliço” de fofocas na cidade. Ao ser descoberto, perdeu seu emprego no correio, sendo essa instituição fechada.
Cena 4
O sacanajeiro, Biá narra com cuidado e destreza os artefatos culturais da escrita: o lápis, a caneta, o apontador.”Eu não uso caneta. Eu não me acostumo. (nesse momento ele aponta o lápis para um analfabeto) Não sei se o senhor já viu; uma caneta corre no papel, assim, sem freio. Então, se a gente erra e quer arrumar, aí aporcalha tudo. Aí, fica aquela dessentira de tinta. O lápis é maravilhoso! Ele agarra o papel, ele aceita a borracha, ele obedece a mão e ao pensamento da gente. Aliás eu sou um homem que só consegue pensar a lápis”.
Cena 5
Demarcando as regras da escrita, Biá diz: “Escritura é assim, o homem curvo vira corcunda, a gente do olho torto, eu digo que é caolho. Por exemplo, se o sujeito é manco na vida então na história eu digo que ele não tem perna. É assim, das regras da escrita.”
Cena 6
A barbearia da cidade é embaixo de uma grande árvore, no centro da cidade. A placa com as indicações de preços e serviços é fixada no tronco... “Corte de cabelo R$ 3,00”. A escrita é feita com giz branco, desenhada com letra bastão.
Com a descrição das cenas acima pretendemos mapear alguns discursos que são específicos de um tipo de letramento e como estes constituem e produzem espaços de habitar e de ser, nos moradores daquele povoado cenário do filme. As representações de letramento em torno do personagem Antônio Biá são bem diferenciadas dos da maioria dos personagens de Javé, considerando que o letramento permite a participação de diferentes usos da escrita e da leitura no cotidiano. Tratamos aqui de Letramento como um conjunto de práticas social e culturalmente determinadas pelo uso da escrita, o que caracteriza o letramento é a função que a escrita exerce no cotidiano (KLEIMAN,1995).
O letramento são práticas de instâncias sociais que são produzidas de diferentes maneiras em determinados tempos históricos. Os fenômenos de letramentos vão para além do mundo escrito, eles são vividos nas relações das pessoas com as instituições sociais (e das instituições com as pessoas). Temos no filme, muitas das agências de letramento que produzem os muitos eventos letrados. Esses maquinamentos entre as agencias de letramentos e as relações com as pessoas, tem intensidades diferenciadas. Como é o caso de Antônio Biá e outros personagens da comunidade.
Se apontar novamente para as cenas anteriores, podemos descrever algumas das agências que produzem discursos diferenciados de letramento, tais como: a escolas, a igreja, as famílias, o posto de correio, o bar, a barbearia, a casa de Antônio Biá (no filme vejo a casa de Biá como uma agencia de letramento) a praça, o Governo Federal. E as suas agencias produzem indícios, eventos de letramentos tais como: a placa do barbeiro, as cartas enviadas por Biá, o desejo da existência de dossiê cientifico, “a dessentiria de tinta da caneta”, os rótulos das cachaças, os alfabetizados, os não-alfabetizados, estante com livros da casa de Biá., o outdoor da hidrelétrica, as câmaras filmadoras dos engenheiros, as rezas, as músicas, o sino da igreja, o brinquedo das crianças, o lápis, o apontador, a bolsa com o livro-dossiê(livro de Biá).
Mesmos os Javélicos não sendo alfabetizados, estão inseridos nestes eventos discursivos, e nestes circulam potências de letramentos (como os descritos anteriormente). A alfabetização não nos dá garantia dos usos e práticas sociais da leitura e da escrita; ela é parte de um tipo de letramento, ela é uma das agencias que produz evento muito específico, o letramento escolar. Segundo TFOUNI, 1995, há graus de letramentos, esses graus são variações das marcas, dos tipos, usos e das funções da escrita no cotidiano. A tese apresentada considera que os Javélicos são letrados, embora muitos deles não tenham sido alfabetizados. A alfabetização produz processos de letramentos, quase sempre na instância escolar. É um engano conceitual atrelar a alfabetização ao letramento. Ela não pode ser considerada a desencadeadora do letramento, de uma maneira universal, considerando que inúmeras agencias fazem circular muitos tipos e diferentes graus de letramentos. A autora não encontra nos seus estudos contemporâneos nenhuma sociedade que possui grau ZERO de letramento, do ponto de vista sócio-histórico cultural, não existe produção social que viva um grau zero de letramento, portanto, iletramento, é uma palavra descartada do contexto teórico desta autora.
JAVÉLICOS: Alfabetizados ou Letrados?
A idéia de letramento associada aos Javélicos, é tratada a partir da autora TFOUNI (1995) que possibilita-nos através dos conceitos de letramento e alfabetização defendidos pela mesma, afirmar que apesar de não alfabetizados eles são letrados. A referida autora apresenta o conceito de letramento como práticas discursivas dos usos e funções sociais da leitura e da escrita, sendo desenvolvidas no cotidiano das relações sociais, teoricamente essas práticas discursivas são visíveis as relações estabelecidas entre as personagens do filme.
Tais peculiaridades discursivas inquietam as sociedades modernas, pois essas produzem uma idéia de supremacia sobre a cultura oral, espalhando certo desprestígio sobre outras culturas, que não sejam as gráficas. Eles produzem conexões entre as culturas, extrapolando a instância oral e escrita; movimentando outros territórios desencadeando espaços nômades. Espaços ainda não demarcados, não territorizados pelo capitalismo.
Narradores de Javé possibilita uma reflexão a cerca do empodeiramento que é atribuído àqueles que têm o conhecimento da leitura e da escrita, e evidencia a vulnerabilidade dos que não os tem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Filme Narradores de Javé, Ano de Lançamento (Brasil): 2003, Estúdio: Bananeira Filmes / Gullane Filmes / Laterit Productions, Distribuição: Riofilme, Direção: Eliane Caffé, Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane Caffé, Produção: Vânia Catani, Música: DJ Dolores e Orquestra Santa Massa, Fotografia: Hugo Kovensky, Direção de Arte: Carla Caffé, Edição: Daniel Rezende.
Vale a pena assistir!
Para nós ribeirinhos que vivenciamos de perto história semelhante, o filme reporta-nos para a história daqueles que foram protagonistas de cenas reais, na cidade de Sento Sé, Remanso, Casa Nova... UMA VERDADEIRA RESTROPECTIVA!
O filme inicia com Zaqueu, narrando a história da cidade de Javé , anos depois desta ser inundada pela represa. A história que Zaqueu conta aconteceu no sertão da Bahia, estando a comunidade de Javé ameaçada por uma inundação da hidrelétrica, construída na região. Para tentar impedir está tragédia, os moradores do povoado resolveram escrever sua história e tentar transformá-la em patrimônio histórico, a ser preservado. Essa história tinha que ser escrita através de um documento científico: um dossiê. Mas quem poderia escrevê-la? O único adulto da comunidade, alfabetizado e bom nas “escrituras” era Antônio Biá (José Dumont). Foi ele o escolhido para escrever este documento “científico”, embora a comunidade de Javé, não confiasse nele. O povo o chamava de “sacanajeiro, enganadô”. Porque as pessoas de Javé o chamavam assim? Zaqueu conta, que no passado ele, o Biá usou do poder da escrita para enganar as pessoas. Ele era funcionário do único Posto de correios da cidade. Por ser uma comunidade não-alfabetizada, o correio passou a ser um local, quase sem função social, as pessoas não utilizavam a tecnologia da escrita no seu cotidiano. Antônio Biá, percebe a ameaça de ficar sem seu emprego, pois o correio estava para ser fechado, pela ausência de uso da escrita. Então, ele cria a estratégia para não perdê-lo. Passa a escrever cartas para outras localidades, em nome das pessoas do Vale de Javé.. Fofocas eram o conteúdo das cartas, como bem relata Zaqueu:“Ele aumentava os fatos acontecido, com malícia e difamando. Mas tudo era feito com graça e sapiência do ofício de escrever”. Ao ser descoberta sua farsa, foi expulso do centro deste vilarejo. Mas a mesma comunidade que o expulsou, a tempos atrás, naquele momento, precisava de “seus serviços”. Zaqueu ,afirma que ele teria que escrever o documento cientifico de Javé, pois ele é tido com um bom escritor: “Se Antônio Biá escreve mentira, escreve muito bem!!! E para fazê um dossiê, tem que fazê uma juntada de escrita das coisas que aconteceram por aqui...Ouvindo a nossa gente contando pela boca, a história verdadeira, a científica.”. Depois dessas declarações, Antônio Biá foi obrigado a aceitar o cargo de escrevedor. O povo passa, a contar, narrar as memórias orais, na esperança de salvá-los da moderna tecnologia, a hidrelétrica, que fará o povoado desaparecer nas águas
TRATAMENTO PEDAGÓGICO DO FILME: NARRADORES DE JAVÉ.
O filme, Narradores de Javé serve de interlocução entre a cinematografia e a educação. Colocamos a escrita deste material sobre a mira dos contextos educacionais, analisando alguns conceitos sobre a temática letramento através do contexto do filme. Não nos ocuparemos em discutir as questões de ênfase cinematográficas sobre o mesmo, nosso interesse em NARRADORES DE JAVÉ é tratá-lo como elemento pedagógico para fazer uma abordagem no sentido de obter algumas contribuições da mídia/cinematográfica e tratá-los pedagogicamente. Este ensaio passa a ser uma das possibilidades de (re)conhecer os discursos existentes sobre o conceito de letramento no filme, trazendo paralelo aos mesmos alguns teóricos e os conceitos de letramento apresentados por eles, no intuito de solidificar através da abordagem no filme a definição de letramento e alfabetização.
O que segue, portanto, são comentários e exemplos através de recortes de algumas cenas que evidenciam ambientes letrados e alfabetizados através deste filme brasileiro, mesmo tendo a informação de que a Diretora, não tinha essa intencionalidade ao produzi-lo. A análise e as questões que serão tratadas nesta abordagem, centram nas seguintes etapas: apresentação do filme, considerações sobre a cultura oral, a cultura escrita e os letramentos Javélicos.
Importante ressaltar a riqueza e possibilidades de abordagens que o filme sucinta comunidade, ética, raça, religião, gênero, degradação ambiental, cultura, econômica, política, história, identidade, história oral, literatura regional, preconceito lingüístico, arte e cinema) nosso foco restringe-se no estudo sobre a temática alfabetização e letramento.
Cena 1
As paredes da casa de Antônio Biá era todas escritas, com ditos populares, parlendas, piadas, frases como esta: “aqui mora um intelectual alcoólatra”. Durante todo filme é na casa dele que aparece uma estante de livros.
Na porta da frente de sua casa tinha escrito uma frase: “Proibido entrada de analfabeto”.
Cena 2
Biá era o único adulto da cidade que usava cotidianamente uma bolsa atravessada no corpo, contendo na mesma um livro com folhas em branco, lápis, apontador.
Cena 3
Antônio Biá era o funcionário do posto de correio da cidade. E para manter seu emprego, enviava cartas em nome de outras pessoas. Provocando um “rebuliço” de fofocas na cidade. Ao ser descoberto, perdeu seu emprego no correio, sendo essa instituição fechada.
Cena 4
O sacanajeiro, Biá narra com cuidado e destreza os artefatos culturais da escrita: o lápis, a caneta, o apontador.”Eu não uso caneta. Eu não me acostumo. (nesse momento ele aponta o lápis para um analfabeto) Não sei se o senhor já viu; uma caneta corre no papel, assim, sem freio. Então, se a gente erra e quer arrumar, aí aporcalha tudo. Aí, fica aquela dessentira de tinta. O lápis é maravilhoso! Ele agarra o papel, ele aceita a borracha, ele obedece a mão e ao pensamento da gente. Aliás eu sou um homem que só consegue pensar a lápis”.
Cena 5
Demarcando as regras da escrita, Biá diz: “Escritura é assim, o homem curvo vira corcunda, a gente do olho torto, eu digo que é caolho. Por exemplo, se o sujeito é manco na vida então na história eu digo que ele não tem perna. É assim, das regras da escrita.”
Cena 6
A barbearia da cidade é embaixo de uma grande árvore, no centro da cidade. A placa com as indicações de preços e serviços é fixada no tronco... “Corte de cabelo R$ 3,00”. A escrita é feita com giz branco, desenhada com letra bastão.
Com a descrição das cenas acima pretendemos mapear alguns discursos que são específicos de um tipo de letramento e como estes constituem e produzem espaços de habitar e de ser, nos moradores daquele povoado cenário do filme. As representações de letramento em torno do personagem Antônio Biá são bem diferenciadas dos da maioria dos personagens de Javé, considerando que o letramento permite a participação de diferentes usos da escrita e da leitura no cotidiano. Tratamos aqui de Letramento como um conjunto de práticas social e culturalmente determinadas pelo uso da escrita, o que caracteriza o letramento é a função que a escrita exerce no cotidiano (KLEIMAN,1995).
O letramento são práticas de instâncias sociais que são produzidas de diferentes maneiras em determinados tempos históricos. Os fenômenos de letramentos vão para além do mundo escrito, eles são vividos nas relações das pessoas com as instituições sociais (e das instituições com as pessoas). Temos no filme, muitas das agências de letramento que produzem os muitos eventos letrados. Esses maquinamentos entre as agencias de letramentos e as relações com as pessoas, tem intensidades diferenciadas. Como é o caso de Antônio Biá e outros personagens da comunidade.
Se apontar novamente para as cenas anteriores, podemos descrever algumas das agências que produzem discursos diferenciados de letramento, tais como: a escolas, a igreja, as famílias, o posto de correio, o bar, a barbearia, a casa de Antônio Biá (no filme vejo a casa de Biá como uma agencia de letramento) a praça, o Governo Federal. E as suas agencias produzem indícios, eventos de letramentos tais como: a placa do barbeiro, as cartas enviadas por Biá, o desejo da existência de dossiê cientifico, “a dessentiria de tinta da caneta”, os rótulos das cachaças, os alfabetizados, os não-alfabetizados, estante com livros da casa de Biá., o outdoor da hidrelétrica, as câmaras filmadoras dos engenheiros, as rezas, as músicas, o sino da igreja, o brinquedo das crianças, o lápis, o apontador, a bolsa com o livro-dossiê(livro de Biá).
Mesmos os Javélicos não sendo alfabetizados, estão inseridos nestes eventos discursivos, e nestes circulam potências de letramentos (como os descritos anteriormente). A alfabetização não nos dá garantia dos usos e práticas sociais da leitura e da escrita; ela é parte de um tipo de letramento, ela é uma das agencias que produz evento muito específico, o letramento escolar. Segundo TFOUNI, 1995, há graus de letramentos, esses graus são variações das marcas, dos tipos, usos e das funções da escrita no cotidiano. A tese apresentada considera que os Javélicos são letrados, embora muitos deles não tenham sido alfabetizados. A alfabetização produz processos de letramentos, quase sempre na instância escolar. É um engano conceitual atrelar a alfabetização ao letramento. Ela não pode ser considerada a desencadeadora do letramento, de uma maneira universal, considerando que inúmeras agencias fazem circular muitos tipos e diferentes graus de letramentos. A autora não encontra nos seus estudos contemporâneos nenhuma sociedade que possui grau ZERO de letramento, do ponto de vista sócio-histórico cultural, não existe produção social que viva um grau zero de letramento, portanto, iletramento, é uma palavra descartada do contexto teórico desta autora.
JAVÉLICOS: Alfabetizados ou Letrados?
A idéia de letramento associada aos Javélicos, é tratada a partir da autora TFOUNI (1995) que possibilita-nos através dos conceitos de letramento e alfabetização defendidos pela mesma, afirmar que apesar de não alfabetizados eles são letrados. A referida autora apresenta o conceito de letramento como práticas discursivas dos usos e funções sociais da leitura e da escrita, sendo desenvolvidas no cotidiano das relações sociais, teoricamente essas práticas discursivas são visíveis as relações estabelecidas entre as personagens do filme.
Tais peculiaridades discursivas inquietam as sociedades modernas, pois essas produzem uma idéia de supremacia sobre a cultura oral, espalhando certo desprestígio sobre outras culturas, que não sejam as gráficas. Eles produzem conexões entre as culturas, extrapolando a instância oral e escrita; movimentando outros territórios desencadeando espaços nômades. Espaços ainda não demarcados, não territorizados pelo capitalismo.
Narradores de Javé possibilita uma reflexão a cerca do empodeiramento que é atribuído àqueles que têm o conhecimento da leitura e da escrita, e evidencia a vulnerabilidade dos que não os tem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Filme Narradores de Javé, Ano de Lançamento (Brasil): 2003, Estúdio: Bananeira Filmes / Gullane Filmes / Laterit Productions, Distribuição: Riofilme, Direção: Eliane Caffé, Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane Caffé, Produção: Vânia Catani, Música: DJ Dolores e Orquestra Santa Massa, Fotografia: Hugo Kovensky, Direção de Arte: Carla Caffé, Edição: Daniel Rezende.
Vale a pena assistir!
Para nós ribeirinhos que vivenciamos de perto história semelhante, o filme reporta-nos para a história daqueles que foram protagonistas de cenas reais, na cidade de Sento Sé, Remanso, Casa Nova... UMA VERDADEIRA RESTROPECTIVA!
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Formação continuada de professores dos anos inicíais do ensino fundamental / Gestar II
Caracterização do Gestar II
É um programa de formação continuada semipresencial orientado para a formação de professores de Matemática e de Língua Portuguesa, objetivando a melhoria do processo de ensino aprendizagem.
O foco do programa é a atualização dos saberes profissionais por meio de subsídios e do acompanhamento da ação do professor no próprio local de trabalho.
Tem como base os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de
Língua Portuguesa 5ª a 8ª séries ( 6º ao 9º anos) do Ensino Fundamental II.
A finalidade do programa é elevar a competência dos professores e de seus alunos e, conseqüentemente, melhorar a capacidade de compreensão e intervenção sobre a realidade sócio-cultural.
Modalidade do Programa
A formação continuada deve ser compreendida como uma ferramenta de profissionalização capaz de proporcionar aos professores espaços sistemáticos de reflexão conjunta e de investigação, no contexto da escola, acerca das questões enfrentadas pelo coletivo da instituição. Espera-se, também, que ela proporcione espaços para se compartilhar experiências e resolução de problemas, como forma de construção de conhecimentos, saberes e competência dos professores. Deve também provocar discussão e reflexão sobre problemas do ensino, articulação com a proposta pedagógica e curricular e plano de ensino, bem como as formas de mobilização da comunidade em torno de um projeto social e educativo de escola.
A necessidade constante de atualização não significa, contudo, que a formação
continuada se construa tão somente por meio do acúmulo de cursos. Ela deve
comportar uma relação essencial e estreita com a dimensão da prática no cotidiano da escola e com a dimensão formal da proposta pedagógica.
Ações Integrantes do Gestar II
O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar procura garantir a qualidade do processo de ensino-aprendizagem por meio de ações sistêmicas e estratégicas de estudo individual e de atividades presenciais, individuais ou coletivas,coordenadas pelo formador municipal/estadual.
A – Formação Continuada em Serviço para Professores e Formadores
A ser desenvolvida, ao longo de um ano, por meio de estudo individual dos cadernos de TP (Teoria e Prática), de oficinas coletivas e do acompanhamento pedagógico.
Formação continuada do formador municipal/estadual
O formador é um representante do Programa Gestar. Ele coordena todas as atividades, cursistas. Por isso, ele deve conhecer profundamente todos os materiais de ensino aprendizagem e saber conduzir a sua execução. A formação continuada deverá ser parte integrante de sua preparação. Faz parte do material do programa o Caderno do Formador, especificamente voltado para a sua formação.
O formador municipal/estadual receberá, de formadores enviados pela Universidade de Brasília, formação de 300 horas, assim distribuídas:
96 h presenciais, divididas em três encontros com esses formadores (40h + 40h + 16h); 240h não-presenciais; A certificação do formador municipal/estadual será feita pela Universidade de Brasília, desde que atendidos os seguintes requisitos:
a) freqüência mínima de 75%;
b) entrega de um portfólio com todas as atividades realizadas durante a execução do Programa.
Já a certificação do professor-cursista será feita pela secretaria municipal/ estadual, seguindo os mesmos critérios acima.
Atividades individuais a distância para o professor cursista
As atividades individuais a distância destinam-se ao estudo sistematizado dos conteúdos do Curso de Formação Continuada em Serviço. O conteúdo teórico e prático programa é todo veiculado no material impresso distribuído ao professor cursista de transformação, de problematização e de elaboração de conceitos. Assim, o texto contido no material não é um artigo científico e nem um texto literário, mas um texto em forma de aula; um texto que leva o leitor a construir conhecimento; é um que ensina. Os materiais de ensino-aprendizagem são:
6 cadernos de Teoria e Prática – TP (língua portuguesa e matemática);
1 Guia Geral;
1 Caderno de Formador Municipal/Estadual (Matemática ou Língua Portuquesa)
Oficinas Coletivas
As oficinas coletivas coordenadas pelo formador municipal/estadual são desenvolvidas por meio de reuniões destinadas a trabalhar, interativamente, o conteúdo dos Cadernos de Teoria e Prática (TP).Os encontros envolvem dinâmica e que motiva o professor a relacionar os aspectos teóricos discutidos à sua prática cotidiana em sala de aula e a compartilhar reflexões e estratégias com os seus colegas de grupo. As oficinas coletivas são realizadas periodicamente. O formador deve orientar e motivar os professores para a leitura dos cadernos de TP antes das reuniões coletivas. Também nas reuniões, o formador orienta cada professor para o estudo individual, sugerindo a leitura e a reflexão sobre pontos que precisam ser aprofundados e que serão abordados em plantões individuais.
Plantão Pedagógico
Atendimento, pelo formador municipal/estadual, das dificuldades específicas dos professores, em sessões individuais na escola. Visa à discussão das estratégias de aprendizagem que o professor cursista lança mão em seus estudos individuais e ao esclarecimento das dúvidas de implementação do programa em sala de aula. O importante é que o formador proporcione, acima de tudo, suporte sócio-emocional ao professor cursista, para que este supere momentos de insegurança na participação.
Acompanhamento Pedagógico
O acompanhamento pedagógico em sala de aula consiste em sessões de participante pelo formador municipal/estadual, professores ou coordenador pedagógico da escola, desde que estejam cursando as oficinas do Programa Gestar. As sessões devem ser previamente agendadas com o professor cursista regente. Você, professor cursista do Programa Gestar, está envolvido em uma rede de aprendizagem permanente, com espaços para reflexão, pesquisa e discussão de suas práticas. A observação da atuação pedagógica é parte das atividades do programa.
B – Sistema de Avaliação do Programa
Avaliação do desempenho escolar dos alunos
Os alunos envolvidos no programa serão avaliados processualmente. Poderão ser realizadas duas avaliações de caráter externo, ambas diagnósticas, sendo uma no início (entrada) e outra no final do programa (saída).
Avaliação do desempenho dos professores
A avaliação do professor visa ao mapeamento do seu desenvolvimento profissional e contínuo durante o Programa Gestar. Possui caráter dinâmico, ou seja, procura detectar os avanços e as necessidades de intervenções, para a correção dos percursos no processo de desenvolvimento e aprendizagem na formação dos professores. Portanto, é um processo formativo, com foco na perspectiva qualitativa, permanente e contínua da avaliação.
O professor será avaliado, nas sessões presencias coletiva, pelo material que produz, pelo desempenho em sala de aula e por avaliações de conteúdo.
As avaliações processuais serão realizadas por meio das Lições de Casa ou das Transposições Didáticas – atividades didáticas – práticas a serem realizadas no período do curso e que serão analisadas e comentadas pelo formador. O formador analisará a produção do professor cursista e emitirá um conceito. O professor também deverá organizar uma coletânea dos trabalhos e atividades produzidas pelos seus alunos partem de sua lição de casa. Além disso, caberá ao professor cursista realizar a sua auto-avaliação.
A certificação do professor cursista dependerá de quatro fatores:
a) freqüência;
b) conceitos emitidos pelo formador referentes à Lição de Casa ou à Transposição Didática, desempenho nas oficinas e avaliações;
c) auto-avaliação pelo professor cursista;
d) apresentação do projeto a ser implementado na escola em que trabalha.
Avaliação institucional do programa
Todos os atores do programa participarão de uma auto-avaliação e de uma avaliação dos demais agentes, fornecendo dados processuais da execução do programa, os seus pontos positivos e os pontos a melhorar.
É um programa de formação continuada semipresencial orientado para a formação de professores de Matemática e de Língua Portuguesa, objetivando a melhoria do processo de ensino aprendizagem.
O foco do programa é a atualização dos saberes profissionais por meio de subsídios e do acompanhamento da ação do professor no próprio local de trabalho.
Tem como base os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática e de
Língua Portuguesa 5ª a 8ª séries ( 6º ao 9º anos) do Ensino Fundamental II.
A finalidade do programa é elevar a competência dos professores e de seus alunos e, conseqüentemente, melhorar a capacidade de compreensão e intervenção sobre a realidade sócio-cultural.
Modalidade do Programa
A formação continuada deve ser compreendida como uma ferramenta de profissionalização capaz de proporcionar aos professores espaços sistemáticos de reflexão conjunta e de investigação, no contexto da escola, acerca das questões enfrentadas pelo coletivo da instituição. Espera-se, também, que ela proporcione espaços para se compartilhar experiências e resolução de problemas, como forma de construção de conhecimentos, saberes e competência dos professores. Deve também provocar discussão e reflexão sobre problemas do ensino, articulação com a proposta pedagógica e curricular e plano de ensino, bem como as formas de mobilização da comunidade em torno de um projeto social e educativo de escola.
A necessidade constante de atualização não significa, contudo, que a formação
continuada se construa tão somente por meio do acúmulo de cursos. Ela deve
comportar uma relação essencial e estreita com a dimensão da prática no cotidiano da escola e com a dimensão formal da proposta pedagógica.
Ações Integrantes do Gestar II
O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar procura garantir a qualidade do processo de ensino-aprendizagem por meio de ações sistêmicas e estratégicas de estudo individual e de atividades presenciais, individuais ou coletivas,coordenadas pelo formador municipal/estadual.
A – Formação Continuada em Serviço para Professores e Formadores
A ser desenvolvida, ao longo de um ano, por meio de estudo individual dos cadernos de TP (Teoria e Prática), de oficinas coletivas e do acompanhamento pedagógico.
Formação continuada do formador municipal/estadual
O formador é um representante do Programa Gestar. Ele coordena todas as atividades, cursistas. Por isso, ele deve conhecer profundamente todos os materiais de ensino aprendizagem e saber conduzir a sua execução. A formação continuada deverá ser parte integrante de sua preparação. Faz parte do material do programa o Caderno do Formador, especificamente voltado para a sua formação.
O formador municipal/estadual receberá, de formadores enviados pela Universidade de Brasília, formação de 300 horas, assim distribuídas:
96 h presenciais, divididas em três encontros com esses formadores (40h + 40h + 16h); 240h não-presenciais; A certificação do formador municipal/estadual será feita pela Universidade de Brasília, desde que atendidos os seguintes requisitos:
a) freqüência mínima de 75%;
b) entrega de um portfólio com todas as atividades realizadas durante a execução do Programa.
Já a certificação do professor-cursista será feita pela secretaria municipal/ estadual, seguindo os mesmos critérios acima.
Atividades individuais a distância para o professor cursista
As atividades individuais a distância destinam-se ao estudo sistematizado dos conteúdos do Curso de Formação Continuada em Serviço. O conteúdo teórico e prático programa é todo veiculado no material impresso distribuído ao professor cursista de transformação, de problematização e de elaboração de conceitos. Assim, o texto contido no material não é um artigo científico e nem um texto literário, mas um texto em forma de aula; um texto que leva o leitor a construir conhecimento; é um que ensina. Os materiais de ensino-aprendizagem são:
6 cadernos de Teoria e Prática – TP (língua portuguesa e matemática);
1 Guia Geral;
1 Caderno de Formador Municipal/Estadual (Matemática ou Língua Portuquesa)
Oficinas Coletivas
As oficinas coletivas coordenadas pelo formador municipal/estadual são desenvolvidas por meio de reuniões destinadas a trabalhar, interativamente, o conteúdo dos Cadernos de Teoria e Prática (TP).Os encontros envolvem dinâmica e que motiva o professor a relacionar os aspectos teóricos discutidos à sua prática cotidiana em sala de aula e a compartilhar reflexões e estratégias com os seus colegas de grupo. As oficinas coletivas são realizadas periodicamente. O formador deve orientar e motivar os professores para a leitura dos cadernos de TP antes das reuniões coletivas. Também nas reuniões, o formador orienta cada professor para o estudo individual, sugerindo a leitura e a reflexão sobre pontos que precisam ser aprofundados e que serão abordados em plantões individuais.
Plantão Pedagógico
Atendimento, pelo formador municipal/estadual, das dificuldades específicas dos professores, em sessões individuais na escola. Visa à discussão das estratégias de aprendizagem que o professor cursista lança mão em seus estudos individuais e ao esclarecimento das dúvidas de implementação do programa em sala de aula. O importante é que o formador proporcione, acima de tudo, suporte sócio-emocional ao professor cursista, para que este supere momentos de insegurança na participação.
Acompanhamento Pedagógico
O acompanhamento pedagógico em sala de aula consiste em sessões de participante pelo formador municipal/estadual, professores ou coordenador pedagógico da escola, desde que estejam cursando as oficinas do Programa Gestar. As sessões devem ser previamente agendadas com o professor cursista regente. Você, professor cursista do Programa Gestar, está envolvido em uma rede de aprendizagem permanente, com espaços para reflexão, pesquisa e discussão de suas práticas. A observação da atuação pedagógica é parte das atividades do programa.
B – Sistema de Avaliação do Programa
Avaliação do desempenho escolar dos alunos
Os alunos envolvidos no programa serão avaliados processualmente. Poderão ser realizadas duas avaliações de caráter externo, ambas diagnósticas, sendo uma no início (entrada) e outra no final do programa (saída).
Avaliação do desempenho dos professores
A avaliação do professor visa ao mapeamento do seu desenvolvimento profissional e contínuo durante o Programa Gestar. Possui caráter dinâmico, ou seja, procura detectar os avanços e as necessidades de intervenções, para a correção dos percursos no processo de desenvolvimento e aprendizagem na formação dos professores. Portanto, é um processo formativo, com foco na perspectiva qualitativa, permanente e contínua da avaliação.
O professor será avaliado, nas sessões presencias coletiva, pelo material que produz, pelo desempenho em sala de aula e por avaliações de conteúdo.
As avaliações processuais serão realizadas por meio das Lições de Casa ou das Transposições Didáticas – atividades didáticas – práticas a serem realizadas no período do curso e que serão analisadas e comentadas pelo formador. O formador analisará a produção do professor cursista e emitirá um conceito. O professor também deverá organizar uma coletânea dos trabalhos e atividades produzidas pelos seus alunos partem de sua lição de casa. Além disso, caberá ao professor cursista realizar a sua auto-avaliação.
A certificação do professor cursista dependerá de quatro fatores:
a) freqüência;
b) conceitos emitidos pelo formador referentes à Lição de Casa ou à Transposição Didática, desempenho nas oficinas e avaliações;
c) auto-avaliação pelo professor cursista;
d) apresentação do projeto a ser implementado na escola em que trabalha.
Avaliação institucional do programa
Todos os atores do programa participarão de uma auto-avaliação e de uma avaliação dos demais agentes, fornecendo dados processuais da execução do programa, os seus pontos positivos e os pontos a melhorar.
domingo, 9 de agosto de 2009
Juazeiro Bahia/ Brasil " A Capital da Irrigação"
História da Cidade
No lugar denominado Juazeiro Velho, estabeleceu-se, em 1706, missão de franciscanos que aldearam índios Rodelas existentes na região.
EM 1710, com o propósito de se firmarem em definitivo, os franciscanos construíram um convento e erigiram uma igreja consagrada à invocação de Nossa Senhora das Grotas. Por essa época Juazeiro apresentava as primeiras características de núcleo colonizado.
Teodoro Sampaio, que ali esteve em 1879, recolheu excelente impressão de algumas construções, em que via certo gosto arquitetônico - a nova igreja matriz e o teatro - bem como das ruas extensas e do comércio animado da cidade. Chegou mesmo a afirmar que Juazeiro lhe parecera uma "pequena corte" em pleno sertão e considerou-a o foco mais poderoso da civilização e riqueza daquela
parte do Brasil.
O ano de 1894 é assinalado como marco decisivo pare o futuro da cidade. É alcançada pelos trilhos da Viação Federal Leste Brasileiro que a ligam à capital do Estado.
Formação Administrativa
Elevado a julgado, em 1766, sob a jurisdição da Câmara de Jacobina, somente em 9 de maio de 1833 foi criada a Vila de Juazeiro, constituindo-se como sede do Município. Pela Lei provincial n.° 1814, de 15 de julho de 1878, adquiriu foros de cidade.
A comarca de Juazeiro foi criada pela Lei n.° 650, de 14 de dezembro de 1857. O Decreto Estadual n.° 175, de 2 de julho de 1949, elevou-a a terceira entrância.
Segundo o quadro administrativo do País vigente a 1.° de julho de 1957, Juazeiro é constituído dos distritos de Juazeiro, Carnaíba do Sertão, Itamotinga, Junco, Juremal e Massaroca.
Turismo/Riquezas Naturais
Ilha do Fogo
Ilha do Fogo
Uma das mais belas ilhas do Rio São Francisco, marca a divisa entre os estados da Bahia e o de Pernambuco. Está localizada entre as cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE. Possui uma área praiana com terreno acidentado, formado por uma rocha única, elevando-se ao poente em morro de aproximadamente 20 metros de altura, onde está fixado um cruzeiro iluminado (que servia de orientação aos navegantes). Dispõe de bar restaurante. A ponte Presidente Eurico Gaspar Dutra passa sobre esta ilha.
Cachoeiras
Grutas
A 12 Km de distância do Centro de Juazeiro, é uma das mais freqüentadas da região, com praias de areias alvas e excelentes para banho. Com uma razoável infra-estrutura a ilha possui barracas onde os visitantes podem degustar os mais variados pratos da região. Há também espaço para camping, onde as pessoas podem passar os finais de semana usufruindo as belezas naturais do local.
A travessia pode ser feita através de barcos localizados às margens do Rio São Francisco no povoado do Rodeadouro ou nas Barcas de passeio que saem todos os finais de semana do cais de Juazeiro até a ilha. Durante o percurso as pessoas curtem música ao vivo enquanto contemplam as paisagens naturais do Velho Chico.
Ilha Culpe o Vento
A ilha é deserta e ideal para prática de camping selvagem. O acesso é feito pela rodovia BA 210, que liga Juazeiro a Curaçá, aproximadamente 15 Km até o local da travessia que é feitos por barcos localizados ás margens do Rio.
Ilha de Nossa Senhora - A 2 Km da sede, possui uma exuberante vegetação variada com predominância de mangueiras e cajueiros, área de praias de areias alvas e águas cristalinas. È uma das ilhas mais freqüentadas, devido à beleza das suas praias.
Cachoeiras
Localizada no Vale do Salitre, na Fazenda Félix, a 39 Km de Juazeiro, a cachoeira com salto de pouco mais de 2 m de altura é excelente para banho e muito apreciada pelas crianças da região, que se divertem nas águas do rio Salitre. O acesso é feito pela BA 210, sentido Sobradinho.
Cachoeira da Gameleira
Também formada pelo rio Salitre, a Cachoeira da Gameleira fica a 68 Km de Juazeiro, escondida entre a vegetação fechada da caatinga. Num cenário paradisíaco, a queda d' água escorre entre um canyon, onde predomina um enorme gameleira, cuja as raízes se espalham formando sombra em parte da cachoeira. A profundidade do lago permite saltos do alto da cachoeira de aproximadamente 5 m.
Grutas
Situada a 100 Km de Juazeiro, é uma aventura imperdível para quem gosta de passeios ecológicos. Cortinas e torres são formadas pelas estalactites e estalagmites que dão forma a Gruta de 40 m de largura e 30 m de altura, composta ainda por dois lagos tornando o cenário mais belo. Para conhecer a Gruta é necessário um guia nativo.
Letras de Músicas para Fins Didáticos
1. A LISTA - 0swaldo Montenegro
2. A NATUREZA DAS COISAS - Inah Caldeiras
3. AMOR PARA RECOMEÇAR - Frejat
4. DESABAFO – Marcelo D2
5. EM TUDO QUE É BELO - Jorge Vercílio
6. HE MAN – Luciano Nassayn
7. MAIS UMA VEZ - Renato Russo
8. MONTE CASTELO - Legião Urbana
9. NADA SERÁ COMO ANTES - Milton Nascimento
10. PENSAMENTO - Cidade Negra
11. RODA VIVA – Chico Buarque
12. TUDO ESTÁ NO SEU LUGAR - Benito de Paula
13. VIDA - Maria Juça , Roger Kedyh
A Lista
Oswaldo Montenegro
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Música: A Natureza das Coisas
Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta da tua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa no primeiro passo
A natureza não tem pressa segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar
Amor Pra Recomeçar
Frejat
Eu te desejo não parar tão cedo
pois toda idade tem prazer e medo
e com os que erram feio e bastante
que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste
que seja por um dia e não o ano inteiro
e que você descubra que rir é bom
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar
e quando estiver bem cansado
ainda exista amor pra recomeçar,
pra recomeçar
Eu te desejo muitos amigos
mas que em um você possa confiar
e que tenha até inimigos
pra você não deixar de duvidar
Quando você ficar triste
que seja por um dia e não o ano inteiro
e que você descubra que rir é bom
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar...
Desejo que você ganhe dinheiro
pois é preciso viver também
e que você diga a ele pelo menos uma vez
quem é mesmo o dono de quem
Desejo que você tenha a quem amar...
DESABAFO (Marcelo D2)
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Segura!!!
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Eu já falei que tenho algo a dizer, e disse
Que falador passa mal, e você me disse
Que cada um vai colher o que plantou
Porque raiz sem alma, como o Flip falo, é triste
A minha busca na batida perfeita
Sei que nem tudo ta certo, mas com calma se ajeita
Por um, mundo melhor eu mantenho minha fé
Menos desigualdade, menos tiro no pé
Andam dizendo que o bem vence o mal
Por aqui vou torcendo pra chegar no final
É, quanto mais fé, mais religião
A mão que mata, reza, reza ou mata em vão
Me contam coisas como se fossem corpos,
Ou realmente são corpos, todas aquelas coisas
Deixa pra lá eu devo ta viajando
Enquanto eu falo besteira nego vai se matando
Então
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Ok, então vamo lá, diz
Tu quer a paz, eu quero também,
Mas o estado não tem direito de matar ninguém
Aqui não tem pena morte mas segue o pensamento
O desejo de matar de um Capitão Nascimento
Que sem treinamento se mostra incompetente
O cidadão por outro lado se diz, impotente, mas
A impotência não é uma escolha também
De assumir a própria responsabilidade
Hein??
Que você tem e mente, se é que tem algo em mente
Porque a bala vai acabar ricocheteando na gente
Grandes planos, paparazzo demais
O que vale é o que você tem, e não o que você faz
Celebridade é artista, artista que não faz arte
Lava mão como Pilatos achando que já fez sua parte
Deixa pra lá, eu continuo viajando
Enquanto eu falo besteira nego vai, vai
Então deixa...
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Em Tudo que é Belo
Jorge Vercilo
Eu ainda acredito
Num futuro mais bonito
Que o novo é bem vindo
E o amor é infinito
Eu ainda acredito
Que nem tudo está perdido
Que o sorriso é sagrado
E aqui é o paraíso
E que tudo estava errado
Sobre o dia do juízo
Eu ainda acredito
No carinho ao invés do grito
Na doçura dos meninos
Que no fundo todos somos
Eu ainda acredito
Nos heróis adormecidos
Nessa força que revolta
E nos faz ficar erguidos
Cada vez que nos sentimos
derrotados e punidos
Eu ainda acredito
Que depois da tempestade
Sempre vem a calmaria
E consigo a liberdade
Eu ainda acredito
Em objetos luminosos
Que há vida no universo,
Outras luas, outros povos
Eu ainda acredito...
Eu ainda acredito
Nas florestas e nos índios
Na bravura das leoas
Na alegria dos golfinhos
Eu ainda acredito
No galope do unicórnio
Acredito em gnomos
E no vôo dos tucanos
E no canto das baleias
Alegrando os oceanos...
Eu ainda acredito
Na justiça lá de cima
Na verdade e na vida
Como som de uma rima
E em tudo que é belo
E em tudo que é nobre
Como as cores do arco-íris
Quando a chuva se descobre
E agradece iluminada pelo
Sol de ouro e cobre
Sei talvez eu seja visto
Como ingênuo, demagogo
Inocente ou pervertido
Um hipócrita, um louco
No entanto eu insisto
Nesta chama que consome
Eu ainda acredito porque
Sofro com a fome
Porque ainda sou um homem
HE-MAN
Luciano Nassayn
No mundo de Etérnia bem distante daqui
Na luta pela paz um guardião vai surgir
A força e a coragem, ele nasceu para o bem
Os músculos de aço nosso herói é He-man
Aponta para o céu a sua espada brilhar
E entre ráios e trovões um campeão nascerá
Pacato o seu tigre vira o Gato-Guerreiro
Na luta da justiça se entregar por inteiro
(REFRÃO)
Eu tenho a força
Sou invencível
Vamos amigos
Unidos venceremos a semente do mau
(bis)
La la la la la la la la la la la
La la la la la la la la la la He-man
(bis)
Pelos poderes de Greyskull!
Mandibula, Maligna e as forças do mau
O plano do esqueleto poderá ser fatal
Segredos do castelo ele quer conseguir
Planeja mil trapaças nunca vai desistir
Zoar, Mentor e Thella são as forças do bem
Amigos da verdade eles não temem ninguém
O Gorfo gira... gira... pro feitiço quebrar
He-man com sua espada faz a guerra acabar
(REFRÃO)
Nada será como antes amanhã
Milton Nascimento
Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos
Que notícias me dão de você
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Um domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos
Que notícias me dão de você
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
RODA VIVA – CHICO BUARQUE
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo...
Tudo Está No Seu Lugar
Benito Di Paula
Tudo está no seu lugar
Graças a Deus, graças a Deus
Não devemos esquecer de dizer
Graças a Deus, graças a Deus
Tudo está no seu lugar
Graças a Deus, graças a Deus
Não devemos esquecer de dizer
Graças a Deus, graças a Deus
Quero ver o sorriso estampado
Pela cara dessa gente
Quero ver quem vai, quem fica
Ou quem chega de repente
Quando chego do trabalho
Digo a Deus: Muito obrigado
Canto samba a noite inteira
No domingo e feriado
VIDA
(Maria Juça ,Roger Kedyh)
Vida, vida é assim
Vida, vida é assim
Vida,vida humana
(refrão 2 vezes)
Vida é alegria
Vida me dá prazer
Vida é a luz do dia
Vida , Vida é vivida
Vida é o amor
Vida é cor e confusão
Vida é sonho e paixão
Vida é alegria
Vida me dá prazer
Vida é a luz do dia
Vida , Vida vadia
Vida é o amor
Vida é cor e confusão
Vida é sonho e paixão
... é cor e confusão
... é sonho e paixão
êh! ôh! Lelê!
êh! ôh! LaLa!
VIDA
(Maria Juça ,Roger Kedyh)
Vida, vida é assim
Vida, vida é assim
Vida,vida humana
(refrão 2 vezes)
Vida é alegria
Vida me dá prazer
Vida é a luz do dia
Vida , Vida é vivida
Vida é o amor
Vida é cor e confusão
Vida é sonho e paixão
Vida é alegria
Vida me dá prazer
Vida é a luz do dia
Vida , Vida vadia
Vida é o amor
Vida é cor e confusão
Vida é sonho e paixão
... é cor e confusão
... é sonho e paixão
êh! ôh! Lelê!
êh! ôh! LaLa!
2. A NATUREZA DAS COISAS - Inah Caldeiras
3. AMOR PARA RECOMEÇAR - Frejat
4. DESABAFO – Marcelo D2
5. EM TUDO QUE É BELO - Jorge Vercílio
6. HE MAN – Luciano Nassayn
7. MAIS UMA VEZ - Renato Russo
8. MONTE CASTELO - Legião Urbana
9. NADA SERÁ COMO ANTES - Milton Nascimento
10. PENSAMENTO - Cidade Negra
11. RODA VIVA – Chico Buarque
12. TUDO ESTÁ NO SEU LUGAR - Benito de Paula
13. VIDA - Maria Juça , Roger Kedyh
A Lista
Oswaldo Montenegro
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Música: A Natureza das Coisas
Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta da tua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa no primeiro passo
A natureza não tem pressa segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar
Amor Pra Recomeçar
Frejat
Eu te desejo não parar tão cedo
pois toda idade tem prazer e medo
e com os que erram feio e bastante
que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste
que seja por um dia e não o ano inteiro
e que você descubra que rir é bom
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar
e quando estiver bem cansado
ainda exista amor pra recomeçar,
pra recomeçar
Eu te desejo muitos amigos
mas que em um você possa confiar
e que tenha até inimigos
pra você não deixar de duvidar
Quando você ficar triste
que seja por um dia e não o ano inteiro
e que você descubra que rir é bom
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar...
Desejo que você ganhe dinheiro
pois é preciso viver também
e que você diga a ele pelo menos uma vez
quem é mesmo o dono de quem
Desejo que você tenha a quem amar...
DESABAFO (Marcelo D2)
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Segura!!!
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Eu já falei que tenho algo a dizer, e disse
Que falador passa mal, e você me disse
Que cada um vai colher o que plantou
Porque raiz sem alma, como o Flip falo, é triste
A minha busca na batida perfeita
Sei que nem tudo ta certo, mas com calma se ajeita
Por um, mundo melhor eu mantenho minha fé
Menos desigualdade, menos tiro no pé
Andam dizendo que o bem vence o mal
Por aqui vou torcendo pra chegar no final
É, quanto mais fé, mais religião
A mão que mata, reza, reza ou mata em vão
Me contam coisas como se fossem corpos,
Ou realmente são corpos, todas aquelas coisas
Deixa pra lá eu devo ta viajando
Enquanto eu falo besteira nego vai se matando
Então
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Ok, então vamo lá, diz
Tu quer a paz, eu quero também,
Mas o estado não tem direito de matar ninguém
Aqui não tem pena morte mas segue o pensamento
O desejo de matar de um Capitão Nascimento
Que sem treinamento se mostra incompetente
O cidadão por outro lado se diz, impotente, mas
A impotência não é uma escolha também
De assumir a própria responsabilidade
Hein??
Que você tem e mente, se é que tem algo em mente
Porque a bala vai acabar ricocheteando na gente
Grandes planos, paparazzo demais
O que vale é o que você tem, e não o que você faz
Celebridade é artista, artista que não faz arte
Lava mão como Pilatos achando que já fez sua parte
Deixa pra lá, eu continuo viajando
Enquanto eu falo besteira nego vai, vai
Então deixa...
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Em Tudo que é Belo
Jorge Vercilo
Eu ainda acredito
Num futuro mais bonito
Que o novo é bem vindo
E o amor é infinito
Eu ainda acredito
Que nem tudo está perdido
Que o sorriso é sagrado
E aqui é o paraíso
E que tudo estava errado
Sobre o dia do juízo
Eu ainda acredito
No carinho ao invés do grito
Na doçura dos meninos
Que no fundo todos somos
Eu ainda acredito
Nos heróis adormecidos
Nessa força que revolta
E nos faz ficar erguidos
Cada vez que nos sentimos
derrotados e punidos
Eu ainda acredito
Que depois da tempestade
Sempre vem a calmaria
E consigo a liberdade
Eu ainda acredito
Em objetos luminosos
Que há vida no universo,
Outras luas, outros povos
Eu ainda acredito...
Eu ainda acredito
Nas florestas e nos índios
Na bravura das leoas
Na alegria dos golfinhos
Eu ainda acredito
No galope do unicórnio
Acredito em gnomos
E no vôo dos tucanos
E no canto das baleias
Alegrando os oceanos...
Eu ainda acredito
Na justiça lá de cima
Na verdade e na vida
Como som de uma rima
E em tudo que é belo
E em tudo que é nobre
Como as cores do arco-íris
Quando a chuva se descobre
E agradece iluminada pelo
Sol de ouro e cobre
Sei talvez eu seja visto
Como ingênuo, demagogo
Inocente ou pervertido
Um hipócrita, um louco
No entanto eu insisto
Nesta chama que consome
Eu ainda acredito porque
Sofro com a fome
Porque ainda sou um homem
HE-MAN
Luciano Nassayn
No mundo de Etérnia bem distante daqui
Na luta pela paz um guardião vai surgir
A força e a coragem, ele nasceu para o bem
Os músculos de aço nosso herói é He-man
Aponta para o céu a sua espada brilhar
E entre ráios e trovões um campeão nascerá
Pacato o seu tigre vira o Gato-Guerreiro
Na luta da justiça se entregar por inteiro
(REFRÃO)
Eu tenho a força
Sou invencível
Vamos amigos
Unidos venceremos a semente do mau
(bis)
La la la la la la la la la la la
La la la la la la la la la la He-man
(bis)
Pelos poderes de Greyskull!
Mandibula, Maligna e as forças do mau
O plano do esqueleto poderá ser fatal
Segredos do castelo ele quer conseguir
Planeja mil trapaças nunca vai desistir
Zoar, Mentor e Thella são as forças do bem
Amigos da verdade eles não temem ninguém
O Gorfo gira... gira... pro feitiço quebrar
He-man com sua espada faz a guerra acabar
(REFRÃO)
Nada será como antes amanhã
Milton Nascimento
Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos
Que notícias me dão de você
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Um domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos
Que notícias me dão de você
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
RODA VIVA – CHICO BUARQUE
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo...
Tudo Está No Seu Lugar
Benito Di Paula
Tudo está no seu lugar
Graças a Deus, graças a Deus
Não devemos esquecer de dizer
Graças a Deus, graças a Deus
Tudo está no seu lugar
Graças a Deus, graças a Deus
Não devemos esquecer de dizer
Graças a Deus, graças a Deus
Quero ver o sorriso estampado
Pela cara dessa gente
Quero ver quem vai, quem fica
Ou quem chega de repente
Quando chego do trabalho
Digo a Deus: Muito obrigado
Canto samba a noite inteira
No domingo e feriado
VIDA
(Maria Juça ,Roger Kedyh)
Vida, vida é assim
Vida, vida é assim
Vida,vida humana
(refrão 2 vezes)
Vida é alegria
Vida me dá prazer
Vida é a luz do dia
Vida , Vida é vivida
Vida é o amor
Vida é cor e confusão
Vida é sonho e paixão
Vida é alegria
Vida me dá prazer
Vida é a luz do dia
Vida , Vida vadia
Vida é o amor
Vida é cor e confusão
Vida é sonho e paixão
... é cor e confusão
... é sonho e paixão
êh! ôh! Lelê!
êh! ôh! LaLa!
VIDA
(Maria Juça ,Roger Kedyh)
Vida, vida é assim
Vida, vida é assim
Vida,vida humana
(refrão 2 vezes)
Vida é alegria
Vida me dá prazer
Vida é a luz do dia
Vida , Vida é vivida
Vida é o amor
Vida é cor e confusão
Vida é sonho e paixão
Vida é alegria
Vida me dá prazer
Vida é a luz do dia
Vida , Vida vadia
Vida é o amor
Vida é cor e confusão
Vida é sonho e paixão
... é cor e confusão
... é sonho e paixão
êh! ôh! Lelê!
êh! ôh! LaLa!
Mensagens
Abraçar o novo
A lagosta vive tranqüilamente no fundo do mar, protegida pela sua carapaça dura e resistente. Mas, dentro da carapaça, a lagosta continua a crescer. Ao final de um ano, sua casa ficou pequena e ela tem de enfrentar um grande dilema: ou permanece dentro da carapaça e morre sufocada ou arrisca sair de lá, abandonando-a, até que seu organismo crie uma nova carapaça de proteção, de tamanho maior, que lhe servirá de couraça por mais um ano.
Vagando no mar, sem a carapaça, a lagosta fica vulnerável aos muitos predadores que se alimentam dela. Mesmo assim, ela sempre prefere sair. Dentro da carapaça, que se transformou em prisão, ela não tem nenhuma chance. Fora, sim. Muitas vezes, ao longo da vida, nós ficamos prisioneiros das carapaças que são hábitos repetitivos, os condicionamentos alienantes, as situações às quais nos acomodamos mas que, exauridas e desgastadas, nada mais têm para nos oferecer. E acabamos, por falta de coragem de mudar, nos acostumando ao tédio de uma vida monótona que, fatalmente, como a velha carapaça da lagosta, acabará por nos sufocar.
Façamos como a lagosta: troquemos a velha e apertada carapaça por uma nova. Mesmo sabendo que, por algum tempo, estaremos desprotegidos ao enfrentar uma nova situação. Largar o velho e abraçar o novo é, muitas vezes, a única possibilidade de sobreviver por mais um ano.
Texto de Luis Pellegrini, publicado na revista destino – maio/2001.
A lagosta vive tranqüilamente no fundo do mar, protegida pela sua carapaça dura e resistente. Mas, dentro da carapaça, a lagosta continua a crescer. Ao final de um ano, sua casa ficou pequena e ela tem de enfrentar um grande dilema: ou permanece dentro da carapaça e morre sufocada ou arrisca sair de lá, abandonando-a, até que seu organismo crie uma nova carapaça de proteção, de tamanho maior, que lhe servirá de couraça por mais um ano.
Vagando no mar, sem a carapaça, a lagosta fica vulnerável aos muitos predadores que se alimentam dela. Mesmo assim, ela sempre prefere sair. Dentro da carapaça, que se transformou em prisão, ela não tem nenhuma chance. Fora, sim. Muitas vezes, ao longo da vida, nós ficamos prisioneiros das carapaças que são hábitos repetitivos, os condicionamentos alienantes, as situações às quais nos acomodamos mas que, exauridas e desgastadas, nada mais têm para nos oferecer. E acabamos, por falta de coragem de mudar, nos acostumando ao tédio de uma vida monótona que, fatalmente, como a velha carapaça da lagosta, acabará por nos sufocar.
Façamos como a lagosta: troquemos a velha e apertada carapaça por uma nova. Mesmo sabendo que, por algum tempo, estaremos desprotegidos ao enfrentar uma nova situação. Largar o velho e abraçar o novo é, muitas vezes, a única possibilidade de sobreviver por mais um ano.
Texto de Luis Pellegrini, publicado na revista destino – maio/2001.
sábado, 8 de agosto de 2009
Memorial
Enimara Lins
Meu nome é Enimara Ferreira da Silva Lins. Nasci em Ipupiara - Bahia, cidade localizada na Chapada Diamantina, onde morei até os dezessete anos de idade, vivenciei minha infância, fui alfabetizada e cursei o “primário” e o “ginásio” (denominações daquela época para o Ensino Fundamental e Médio), concluindo o magistério no ano de mil novecentos e oitenta e oito, quando, por motivos familiares, tive que mudar para Juazeiro / Bahia, cidade onde fixei moradia, constitui família e me profissionalizei, a qual estou residindo até hoje.
Estudei, durante toda a educação básica, em escolas públicas, onde tive a oportunidade de conviver e aprender com grandes mestres, profissionais comprometidos, que dedicaram uma vida para a educação, os quais não nomearei, sob pena de deixar de lembrar de algum deles, pois, todos ficaram e permanecerão presentes no âmago das minhas lembranças e recordações, sendo imensamente reconhecidos em cada conquista e vitória que permeiam minha trajetória profissional. A todos os mestres que contribuíram com minha formação acadêmica minha eterna gratidão.
Recordo-me bem do meu primeiro contato com a escola aos cinco anos de idade, quando, por força das circunstâncias fui alfabetizada. Lembro – me exatamente do cenário como se estivesse em loco: uma sala comprida, único cômodo, localizada em um beco (é assim que chamavam aquela viela) ao fundo de uma Igreja Batista do Sr. Artur (O líder da igreja que cedia o espaço para a sala de aula), uma mesa enorme ao centro, rodeada de bancos igualmente compridos, muitas crianças (de diferentes idades), ao redor da mesa. A professora? Uma autoridade! Venerada por todos da comunidade! Uma pequena lousa de compensado de cor verde, gizes brancos e coloridos, Posso visualizar a cartilha, os textos que nela continham os desenhos, principalmente o da foca com a bola e o das borboletas, primeiras palavras que li sozinha, de verdade!! E os exercícios pontilhados? A enorme régua que a professora trazia sempre em punho! Foi ali, naquela sala, sob a eficiência e rigidez da professora, naquele beco que era caminho da casa de farinha do meu avô materno, onde por curiosidade, entrava todos os dias, aos cinco anos de idade, que descobri a magia da leitura, o significado das letras.
Não sei como, mas permaneci na escola mesmo não tendo idade para fazê-lo. As séries seguintes, cursei no Prédio Escolar, local onde faço questão de olhar, visitar, contemplar, sempre que visito Ipupiara. Ali continha não apenas salas de aula, mas uma história de vida que foi narrada inúmeras vezes por minha avó materna, que havia morado naquele local por algum tempo, em função das dificuldades que enfrentara no período, quando eu ainda era recém-nascida.
Coincidentemente, foi ali, no mesmo prédio que concluí o magistério no ano de mil novecentos e oitenta e oito, quando o Centro Educacional Cenecista de Ipupiara, (colégio onde estudei da quinta ao terceiro ano), teve que ser removido para o referido prédio, para devolver ao estado o espaço físico onde o colégio funcionava, pois estaria sendo implantado um novo colégio estadual na cidade, no espaço onde funcionara a escola.
O fato é que sempre gostei muito de estudar. No primário, sempre me destaquei entre os colegas, o boletim sempre foi exibido para a família com excelentes notas, as festas e datas comemorativas sempre tinha uma apresentação com minha participação. Um fato marcante que registra esta afirmação se deu quando cursava a segunda série, tinha sete anos de idade e fui escolhida para recitar uma poesia. Era a comemoração do dia sete de setembro, inauguração da sede nova da Prefeitura Municipal, portanto data especial. A poesia tinha treze estrofes e a responsabilidade era imensa, pois tinha que recitar, conforme “manda o figurino”, pois, ali havia, além da platéia ( a cidade inteira mais convidados), a exigência da professora , que depositara em mim total confiança. Os ensaios foram inúmeros, sabatina da professora, confronto com o espelho, enfim... No dia do evento, quando fui anunciada no microfone, as pernas tremiam! Mas não exitei. Dirigi-me até o palco, onde já se encontrava além das autoridades, a professora, com o microfone na mão. A tensão foi grande! A professora aproximou-se de mim e disse: você é capaz! Sei que vai fazer bonito! Foram exatamente estas palavras que ouvi, (e daí em diante, não me recordo de uma palavra sequer que pronunciei), apenas das treze estrofes, do papel sujo e amassado onde continha o registro que li e reli inúmeras vezes, e,dos fortes aplausos durante alguns minutos que sucederam minha apresentação.
Este fato foi marcante em minha vida, pois vi naquele enorme papel com treze estrofes, na responsabilidade que assumira com a escola, e em mim mesma, a possibilidade de desafio e superação que estava posta na fragilidade de uma garota de sete anos. Impressiona-me ao recordar este fato, reconhecer a importância das palavras proferidas pela professora naquele momento, para o resultado positivo que todos esperavam. Hoje, quando estou frente a um obstáculo, procuro reviver na memória aquele momento e sempre que tenho oportunidade, procuro praticar a terapia do reconhecimento e encorajamento com aqueles que estão ao meu redor, por compreender, baseada na experiência que obtive, o quanto uma palavra pode significar, positiva ou negativamente, na vida de um ser humano.
Após a formação básica, já morando em Juazeiro, iniciei minha vida profissional, em 1988, em uma escola particular, considerada uma das melhores escolas de Educação Infantil, localizada no outro lado do Rio, na cidade de Petrolina – PE. Trabalhei com crianças de Educação Infantil em todas as etapas. Neste período, pude colocar em prática muito do que tinha visto na minha formação no magistério e ampliar consideravelmente os conhecimentos anteriores, principalmente no campo da educação infantil. Foi uma experiência enriquecedora e prazerosa, que vivenciei durante nove anos. Muito do que hoje sou profissionalmente, aprendi naquela escola. Grandes amigos lá conheci. Jamais esquecerei esta fase tão preciosa e significativa de minha vida!
O ano de mil novecentos e noventa, foi um marco na vida profissional. Neste ano, prestei vestibular para Letras na UPE/FFPP ( Faculdade de Formação de Professores de Petrolina), fui aprovada, e, em mil novecentos e noventa e um ingressei-me na Universidade. Trabalhava no diurno e estudava no turno noturno. Concluí o curso em mil novecentos e noventa e cinco (1º semestre).
Em 1998, fui convocada para trabalhar na Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro, após aprovação em concurso público. Comecei trabalhando com alunos de Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries), migrando para alunos de 5ª a 8ª séries, em seguida tive uma experiência como Coordenadora Pedagógica, Gestão Escolar, EJA (Educação de Jovens e Adultos). Atualmente estou como formadora do GESTAR, experiência valiosíssima! Muito tenho aprendido no contato com colegas, profissionais, que atuam na área de Língua Portuguesa, bem como nas formações e estudos proporcionados pelo programa.
Almejava ingressar na Rede Estadual de Educação, e, em 1999, prestei concurso público na rede, sendo aprovada para atuar no Ensino Médio na disciplina de Língua Portuguesa, iniciando minhas atividades em junho de 2000. Trabalhei durante oito anos em um colégio de grande porte como professora. Atualmente estou atuando como gestora, uma experiência árdua, em virtude dos grandes problemas que afetam a educação pública. Gerenciar uma escola pública tem sido para mim uma das mais difícies tarefas a qual me confrontei durante 21 anos atuando em educação. Um desafio, desafiador!
Atuei também no PROGRAPE (Programa de Formação de Professores de Pernambuco – UPE/FFPP. Deslocava-me de Juazeiro-Ba para Santa Maria da Boa Vista, 150 km de distância para ministrar aulas para professores que não tinham graduação, em um programa específico para esta categoria de profissionais. Trabalhava com Língua Portuguesa e Metodologia da Língua Portuguesa. Foi um período bastante enriquecedor, trabalhava com profissionais de larga experiência , que atuavam em escolas da sede e da zona rural. Conheci diversas realidades, diferentes práticas e, conseqüentemente, inúmeras dificuldades no exercício da profissão eram vivenciadas pelo grupo de 45 educadores inscritos no programa.
Em 2000, fiz Especialização em Educação de Jovens e Adultos ( UNEB). Uma das grandes conquistas, no que se refere ao meu crescimento profissional, ampliei meus conhecimentos específicos quanto ao estudo das Teorias Educacionais.Com as reflexões nos encontros, revi algumas concepções, conseqüentemente, confrontei-me com grandes dicotomias, no entanto, sem perder o encanto e a crença na transformação da sociedade através da educação.
Em 2009, fui convidada para atuar como formadora do GESTAR. Inicialmente, resisti, por compreender a responsabilidade a qual estaria abraçando, afinal, teria o contato direto com professores de larga experiência e qualificação. No entanto, coloquei-me a disposição do novo desafio, onde estou tendo a oportunidade de conhecer várias pessoas, trocar experiências e assim, aprender bastante. Está sendo uma fase de muita leitura e produção intelectual. E um ano atípico, pois, todo estudo teórico e prático, vista nas oficinas do GESTAR no ano anterior quando participei do programa como cursista, está sendo processada e adequada para os encontros e oficinas, desta vez, atuando como formadora. Nos encontros com as cursistas estou tendo a oportunidade de discutir, refletir, ouvir opiniões e experiências. Desta forma, meu processo de formação, auto-formação do conhecimento está sendo concreto, dinâmico e significativo. A vivência do GESTAR, como professora/formadora, permite-me experienciar efetivamente na prática o que é ser um professor pesquisador.
Considero-me uma profissional comprometida com o ensino da língua, e, principalmente com a qualidade social da educação, a qual, a escola deve estar imbuída em oferecer.
A leitura e a escrita me fascinam, a educação me embriaga. Dedico muitas tardes e longas noites ao estudo e a pesquisa; horas de feriados, domingos de muito trabalho.
Aprender, pra mim, não é uma atividade vinculada apenas ao exercício da profissão a qual abracei. É questão de necessidade interior, de auto-realização.
Este momento de rememorar minha história de vida leitora e escritora, esta retrospectiva, foi um momento valiosíssimo, emocionante, marcante. Jamais imaginaria que fatos tão remotos, viriam à tona com tanta veracidade, relevância, significado e emoção.
Um momento íntimo, ímpar, de inúmeras aprendizagens a qual, oportunamente, sou grata ao Gestar, a formadora da UnB, professora Valquíria, e a todos vocês que estarão em contato com um recorte destas experiências socializadas neste espaço.
Juazeiro, 27 de julho de 2009
Meu nome é Enimara Ferreira da Silva Lins. Nasci em Ipupiara - Bahia, cidade localizada na Chapada Diamantina, onde morei até os dezessete anos de idade, vivenciei minha infância, fui alfabetizada e cursei o “primário” e o “ginásio” (denominações daquela época para o Ensino Fundamental e Médio), concluindo o magistério no ano de mil novecentos e oitenta e oito, quando, por motivos familiares, tive que mudar para Juazeiro / Bahia, cidade onde fixei moradia, constitui família e me profissionalizei, a qual estou residindo até hoje.
Estudei, durante toda a educação básica, em escolas públicas, onde tive a oportunidade de conviver e aprender com grandes mestres, profissionais comprometidos, que dedicaram uma vida para a educação, os quais não nomearei, sob pena de deixar de lembrar de algum deles, pois, todos ficaram e permanecerão presentes no âmago das minhas lembranças e recordações, sendo imensamente reconhecidos em cada conquista e vitória que permeiam minha trajetória profissional. A todos os mestres que contribuíram com minha formação acadêmica minha eterna gratidão.
Recordo-me bem do meu primeiro contato com a escola aos cinco anos de idade, quando, por força das circunstâncias fui alfabetizada. Lembro – me exatamente do cenário como se estivesse em loco: uma sala comprida, único cômodo, localizada em um beco (é assim que chamavam aquela viela) ao fundo de uma Igreja Batista do Sr. Artur (O líder da igreja que cedia o espaço para a sala de aula), uma mesa enorme ao centro, rodeada de bancos igualmente compridos, muitas crianças (de diferentes idades), ao redor da mesa. A professora? Uma autoridade! Venerada por todos da comunidade! Uma pequena lousa de compensado de cor verde, gizes brancos e coloridos, Posso visualizar a cartilha, os textos que nela continham os desenhos, principalmente o da foca com a bola e o das borboletas, primeiras palavras que li sozinha, de verdade!! E os exercícios pontilhados? A enorme régua que a professora trazia sempre em punho! Foi ali, naquela sala, sob a eficiência e rigidez da professora, naquele beco que era caminho da casa de farinha do meu avô materno, onde por curiosidade, entrava todos os dias, aos cinco anos de idade, que descobri a magia da leitura, o significado das letras.
Não sei como, mas permaneci na escola mesmo não tendo idade para fazê-lo. As séries seguintes, cursei no Prédio Escolar, local onde faço questão de olhar, visitar, contemplar, sempre que visito Ipupiara. Ali continha não apenas salas de aula, mas uma história de vida que foi narrada inúmeras vezes por minha avó materna, que havia morado naquele local por algum tempo, em função das dificuldades que enfrentara no período, quando eu ainda era recém-nascida.
Coincidentemente, foi ali, no mesmo prédio que concluí o magistério no ano de mil novecentos e oitenta e oito, quando o Centro Educacional Cenecista de Ipupiara, (colégio onde estudei da quinta ao terceiro ano), teve que ser removido para o referido prédio, para devolver ao estado o espaço físico onde o colégio funcionava, pois estaria sendo implantado um novo colégio estadual na cidade, no espaço onde funcionara a escola.
O fato é que sempre gostei muito de estudar. No primário, sempre me destaquei entre os colegas, o boletim sempre foi exibido para a família com excelentes notas, as festas e datas comemorativas sempre tinha uma apresentação com minha participação. Um fato marcante que registra esta afirmação se deu quando cursava a segunda série, tinha sete anos de idade e fui escolhida para recitar uma poesia. Era a comemoração do dia sete de setembro, inauguração da sede nova da Prefeitura Municipal, portanto data especial. A poesia tinha treze estrofes e a responsabilidade era imensa, pois tinha que recitar, conforme “manda o figurino”, pois, ali havia, além da platéia ( a cidade inteira mais convidados), a exigência da professora , que depositara em mim total confiança. Os ensaios foram inúmeros, sabatina da professora, confronto com o espelho, enfim... No dia do evento, quando fui anunciada no microfone, as pernas tremiam! Mas não exitei. Dirigi-me até o palco, onde já se encontrava além das autoridades, a professora, com o microfone na mão. A tensão foi grande! A professora aproximou-se de mim e disse: você é capaz! Sei que vai fazer bonito! Foram exatamente estas palavras que ouvi, (e daí em diante, não me recordo de uma palavra sequer que pronunciei), apenas das treze estrofes, do papel sujo e amassado onde continha o registro que li e reli inúmeras vezes, e,dos fortes aplausos durante alguns minutos que sucederam minha apresentação.
Este fato foi marcante em minha vida, pois vi naquele enorme papel com treze estrofes, na responsabilidade que assumira com a escola, e em mim mesma, a possibilidade de desafio e superação que estava posta na fragilidade de uma garota de sete anos. Impressiona-me ao recordar este fato, reconhecer a importância das palavras proferidas pela professora naquele momento, para o resultado positivo que todos esperavam. Hoje, quando estou frente a um obstáculo, procuro reviver na memória aquele momento e sempre que tenho oportunidade, procuro praticar a terapia do reconhecimento e encorajamento com aqueles que estão ao meu redor, por compreender, baseada na experiência que obtive, o quanto uma palavra pode significar, positiva ou negativamente, na vida de um ser humano.
Após a formação básica, já morando em Juazeiro, iniciei minha vida profissional, em 1988, em uma escola particular, considerada uma das melhores escolas de Educação Infantil, localizada no outro lado do Rio, na cidade de Petrolina – PE. Trabalhei com crianças de Educação Infantil em todas as etapas. Neste período, pude colocar em prática muito do que tinha visto na minha formação no magistério e ampliar consideravelmente os conhecimentos anteriores, principalmente no campo da educação infantil. Foi uma experiência enriquecedora e prazerosa, que vivenciei durante nove anos. Muito do que hoje sou profissionalmente, aprendi naquela escola. Grandes amigos lá conheci. Jamais esquecerei esta fase tão preciosa e significativa de minha vida!
O ano de mil novecentos e noventa, foi um marco na vida profissional. Neste ano, prestei vestibular para Letras na UPE/FFPP ( Faculdade de Formação de Professores de Petrolina), fui aprovada, e, em mil novecentos e noventa e um ingressei-me na Universidade. Trabalhava no diurno e estudava no turno noturno. Concluí o curso em mil novecentos e noventa e cinco (1º semestre).
Em 1998, fui convocada para trabalhar na Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro, após aprovação em concurso público. Comecei trabalhando com alunos de Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries), migrando para alunos de 5ª a 8ª séries, em seguida tive uma experiência como Coordenadora Pedagógica, Gestão Escolar, EJA (Educação de Jovens e Adultos). Atualmente estou como formadora do GESTAR, experiência valiosíssima! Muito tenho aprendido no contato com colegas, profissionais, que atuam na área de Língua Portuguesa, bem como nas formações e estudos proporcionados pelo programa.
Almejava ingressar na Rede Estadual de Educação, e, em 1999, prestei concurso público na rede, sendo aprovada para atuar no Ensino Médio na disciplina de Língua Portuguesa, iniciando minhas atividades em junho de 2000. Trabalhei durante oito anos em um colégio de grande porte como professora. Atualmente estou atuando como gestora, uma experiência árdua, em virtude dos grandes problemas que afetam a educação pública. Gerenciar uma escola pública tem sido para mim uma das mais difícies tarefas a qual me confrontei durante 21 anos atuando em educação. Um desafio, desafiador!
Atuei também no PROGRAPE (Programa de Formação de Professores de Pernambuco – UPE/FFPP. Deslocava-me de Juazeiro-Ba para Santa Maria da Boa Vista, 150 km de distância para ministrar aulas para professores que não tinham graduação, em um programa específico para esta categoria de profissionais. Trabalhava com Língua Portuguesa e Metodologia da Língua Portuguesa. Foi um período bastante enriquecedor, trabalhava com profissionais de larga experiência , que atuavam em escolas da sede e da zona rural. Conheci diversas realidades, diferentes práticas e, conseqüentemente, inúmeras dificuldades no exercício da profissão eram vivenciadas pelo grupo de 45 educadores inscritos no programa.
Em 2000, fiz Especialização em Educação de Jovens e Adultos ( UNEB). Uma das grandes conquistas, no que se refere ao meu crescimento profissional, ampliei meus conhecimentos específicos quanto ao estudo das Teorias Educacionais.Com as reflexões nos encontros, revi algumas concepções, conseqüentemente, confrontei-me com grandes dicotomias, no entanto, sem perder o encanto e a crença na transformação da sociedade através da educação.
Em 2009, fui convidada para atuar como formadora do GESTAR. Inicialmente, resisti, por compreender a responsabilidade a qual estaria abraçando, afinal, teria o contato direto com professores de larga experiência e qualificação. No entanto, coloquei-me a disposição do novo desafio, onde estou tendo a oportunidade de conhecer várias pessoas, trocar experiências e assim, aprender bastante. Está sendo uma fase de muita leitura e produção intelectual. E um ano atípico, pois, todo estudo teórico e prático, vista nas oficinas do GESTAR no ano anterior quando participei do programa como cursista, está sendo processada e adequada para os encontros e oficinas, desta vez, atuando como formadora. Nos encontros com as cursistas estou tendo a oportunidade de discutir, refletir, ouvir opiniões e experiências. Desta forma, meu processo de formação, auto-formação do conhecimento está sendo concreto, dinâmico e significativo. A vivência do GESTAR, como professora/formadora, permite-me experienciar efetivamente na prática o que é ser um professor pesquisador.
Considero-me uma profissional comprometida com o ensino da língua, e, principalmente com a qualidade social da educação, a qual, a escola deve estar imbuída em oferecer.
A leitura e a escrita me fascinam, a educação me embriaga. Dedico muitas tardes e longas noites ao estudo e a pesquisa; horas de feriados, domingos de muito trabalho.
Aprender, pra mim, não é uma atividade vinculada apenas ao exercício da profissão a qual abracei. É questão de necessidade interior, de auto-realização.
Este momento de rememorar minha história de vida leitora e escritora, esta retrospectiva, foi um momento valiosíssimo, emocionante, marcante. Jamais imaginaria que fatos tão remotos, viriam à tona com tanta veracidade, relevância, significado e emoção.
Um momento íntimo, ímpar, de inúmeras aprendizagens a qual, oportunamente, sou grata ao Gestar, a formadora da UnB, professora Valquíria, e a todos vocês que estarão em contato com um recorte destas experiências socializadas neste espaço.
Juazeiro, 27 de julho de 2009
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